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quinta-feira, 29 de julho de 2010

A humanidade e sua busca pela verdade

Durante toda a existência da humanidade, a filosofia, a busca pela verdade esteve presente. Algumas vezes de forma mais intensa e outras menos. Isso gerou a ciência, a religião e todas as outras doutrinas elaboradas para responder às indagações do homem. Porém, algumas acepções têm mais força popular e se tornam clássicas.
Elas estão em discussões formais, informais, leituras e possuem um só perfil de origem. Um perfil de opinião que abrange de forma tentacular as pessoas. Enquanto isso, eu sigo, quase sozinho, na contramão das concepções padronizadas. Bom, isso me faz perguntar: “Qual o problema comigo?”. Em seguida elaboro um questionamento antidemocrático que vem me tomando: “Será que as multidões realmente possuem as opiniões mais fiéis à verdade e, inclusive, à verdade mais justa para elas?”. Ao mesmo tempo, eu tento fazer uma autocensura: “Não! Segundo às convenções sobre o bem, à ética, as maiorias possuem a opinião mais compatível com o correto”. Então entro num dilema, pois não é isso que vejo. Não, não estou sendo totalitário. Aceito opiniões diferentes das minhas, e sei que filosoficamente essas concepções são plenamente aceitáveis já que a verdade, em suma, seria a adaptação da realidade no ponto de vista do sujeito observador. Em nenhum momento neguei que são verdades, mas minha angústia reside no fato das minhas serem tão diferentes. E eu sigo a seguinte linha metodológica: traço uma verdade vendo os mais variados pólos de análise, me embasando e procurando ser o mais fiel à realidade. Sei que é impossível atingir essas vertentes rigorosamente. Elas são objetivos, ideais buscados por mim, que tem como base, pensadores como Kant e Descartes, quando considerou uma verdade absoluta aquilo que já foi duvidado, que foi profundamente estudado. E então, quais seriam os norteadores de construção da verdade pela maioria? Ou ela seria apenas massa de manobra de outros poucos? Bom, eu sei que muitos apostariam que seriam massas de manobra. Mas não considero esse, o momento mais oportuno para dar uma resposta pros questionamentos suscitados. Eu gostaria de, se possível, fazer com que as pessoas refletissem, sem que fosse necessária uma rotulação. A estratégia da rotulação é amplamente usada, mas assusta, cria uma barreira e dificulta ainda mais a dialética em qualquer dos lados de uma divergência ideológica. Meu compromisso é com a verdade, com a verdade social, cultural, política, econômica, religiosa... Por isso, tenho dificuldades de acreditar, de seguir os outros, porque, para mim os outros preferem seguir verdades rasas e preguiçosas. Desculpe, fui um tanto quanto agressivo e acabei rotulando. Eu tentei evitar, mas a indignação é grande. Ou estou sendo muito cego tentando enxergar o que não existe, ou as coisas realmente são bem profundas e a maioria não está procurando vê-las. Diante desse paradoxo, desse antagonismo entre a minha concepção e a conjuntural, me mantenho indignado, intrigado, angustiado, mas buscando a verdade e me guiando pela seguinte máxima:
"O que é necessário não é a vontade de acreditar, mas o desejo de descobrir, que é justamente o oposto" Bertrand Russell
Pouco importa se vou descobrir, eu quero tentar! Não quero as verdades prontas dos jornais, da igreja, das doutrinas, das pessoas ao meu redor, sem questionar. Isso não significa que estejam errados, significa que podem estar errados e, por isso, quero construir a minha verdade, não simplesmente reproduzi-la. Pronto, chegamos ao epicentro da problemática: as pessoas não têm compromisso com a verdade, elas reproduzem as verdades mais fáceis. Por isso vemos esses padrões de opinião sobre o Oriente Médio, sobre Deus, Islamismo, Comunismo, Sexo, Casamento, Capitalismo, Conhecimento... Enfim, sobre tudo que nos cerca. É, é a fábrica do pão e circo que produz esses cegos.

"Penso que não cegámos, penso que estamos cegos, Cegos que vêem, cegos que, vendo, não vêem." Saramago.
Isso, infelizmente, me deixa cético com relação à humanidade. Não quero ser totalitário, quero apenas verdades mais fundamentadas, discussões mais abrangentes e profundas. Esse é o meu ideal, gostaria que fosse o do mundo, mas não vou recorrer às imposições. Enquanto isso, permaneço cético, frustrado e desestimulado a fazer algo que considero de suma importância: dialogar profundamente. Com poucos eu consigo fazê-lo. E com muitos eu vou me esforçar pra fazer, ou pelo menos mostrar minha visão tão reflexiva e diferente.

sábado, 31 de outubro de 2009

Partidarismo midiático




Em todas as partes do meio político vemos sérias acusações entre partidos, mídia e autoridades. Os partidos políticos e as autoridades têm seu posicionamento ideológico claros, já a mídia, é uma organização que se define como um simples instrumento de informação. Esses meios de comunicação são muito relevantes para a formação da opinião pública e, por isso, também se caracterizam por tomar partido.
Tomar partido é algo natural, como já afirmava Lênin, todos nós formamos opiniões e não somos inertes ao refletir dialeticamente sobre o mundo material e idealístico na construção da nossa práxis, mas quando as escolhas são definidas obscuramente, a fim de manipular a consciência alheia, esse partido se torna perigoso. É inegável e natural o caráter partidário da imprensa, não há ser humano imparcial e a mídia reflete essa característica fielmente através de seus componentes.
O problema é a forma que se manifesta essa característica: alguns seguimentos midiáticos agem de má fé e por conveniência defendendo o interesse de sua classe e dos seus financiadores. Ao falar em financiador, deixamos clara a participação do capital que, na sociedade capitalista, é o principal fator de influência.
Esse fenômeno está predominantemente presente na grande mídia (as grandes EMPRESAS da comunicação) que não tem o menor compromisso com a verdade e o cuidado ao ponderar sobre fatos e pessoas. Se sentem aptos a investigar, denunciar e julgar seus réus, escolhidos pela concepção. Ou seja, se consideram donos da verdade e agem como se fossem um poder judiciário paralelo.
Seu poderio é usado, principalmente, em períodos eleitoreiros para atacar interesses contrários tanto através de verdades, que vem a tona em momentos bem calculados, quanto por calúnias. Um exemplo de verdade é o arsenal de acusações contra José Sarney. O presidente do senado realmente transgrediu a constituição, mas sua figura esteve presente no poder por décadas e, com certeza, a falta de decoro não é recente. Mas suas atitudes infelizes só vieram à tona agora por uma questão de conveniência, Sarney é aliado do presidente Lula e assim a imagem do presidente poderia ser afetada pelo escândalo. Quando o senador estava ao lado de FHC nada apareceu, ele era santo e virou algoz agora ou esse momento é mais produtivo para expor suas atitudes aéticas? Pelo histórico da imprensa fica fácil responder. Tudo isso para se beneficiar por duas possibilidades: se Lula apóia Sarney ele mostra deixar de lado a ética, se ele posiciona-se contra o presidente do congresso perde a governabilidade.
Em 2005, o escândalo do mensalão eclodiu, um ano antes da eleição de 2006. Agora, com a descoberta do pré-sal e a definição do modelo de sua exploração vem a CPI da Petrobras. Mais coincidências ou ações articuladas? Mostrando assim, fica claro de que lado estão os partidos midiáticos: do Neoliberalismo.
A secretária da Receita Federal, Lina Vieira, levantou a possibilidade de Dilma Roussef ter pedido mais agilidade na investigação da família Sarney. Isso gera uma série de incertezas e muita ambigüidade, agilizar para apurar ou arquivar? Quando aconteceu a reunião entre a secretária e a ministra? Nem a própria Lina sabe responder. Portanto está claro que ela prevaricou, esperou o momento mais propício para a dúbia acusação. Coincidentemente ou não, ela é esposa de um ministro do governo FHC.
A mesma imprensa ajudou a consolidar a ditadura militar e o capitalismo no país. A Rede Globo foi instrumento de alienação ao promover a jovem guarda, especialmente Roberto Carlos, e a Folha de São Paulo recentemente chegou a denominar o regime totalitário de “DitaBRANDA”.
Bom, acima são enumerados apenas alguns exemplos de juízos de valor que a mídia promove de acordo com seus interesses. Temos que deixar claro que muitas das acusações são verdadeiras, o detalhe é o modo com que elas são feitas e a conveniência ao omitir fatos em determinados momentos. É por essas e outras que esse, aparentemente, simples instrumento de comunicação social corresponde ao quarto poder em nosso país.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Arte, Ciência e Filosofia como meios de expressão da Dialética

O que há de análogo entre Lulu Santos e Karl Marx? Bom, guardadas as devidas proporções, ambos convergem numa mesma conclusão através de caminhos diferentes. Marx, por meio de relevantes observações no campo da filosofia política, chegou a várias idéias, seguidas por muitos até hoje. Dentre elas o Materialismo Dialético que apresenta uma espetacular relação entre o devenir humano e as lutas de classe ao longo da História. Já Lulu Santos em sua música “Como uma onda”, composta com Nelson Motta, utiliza a arte para expressar uma filosofia dialética. Apesar de ambos terem vivido em contextos bem distantes e utilizado linguagens e meios distintos para expor suas reflexões, a dialética serviu de fundamento para suas análises.
Com a mesma, podemos nos dar conta de que tudo está em constante mudança de acordo com o princípio de que todo argumento apresenta o germe da sua própria negação e, por isso, a qualquer momento pode ser derrubado por outro mais elaborado baseado na relação tese- antítese-síntese. Isto vale para qualquer coisa material ou imaterial, a tendência é que tudo se modifique no tempo e espaço e dê lugar a algo diferente. A humanidade está em constante metamorfose de idéias, valores e costumes, um exemplo foi a Revolução Francesa, com a ascensão da burguesia e declínio da nobreza com os seus privilégios.
Mudanças trazem conseqüências em todos os âmbitos e são a base da esperança comunista. Se essa esperança tem fundamento, só a história poderá dizer, no entanto, é fato que a sociedade, o modelo econômico e político atual não devem ser constantes pelo caráter fortemente mutável que é inerente ao homem. Marx acredita, ao observar cronologicamente os modos de produção ao longo do tempo, que essa sociedade formada pela classe dominante (burguesia) e dominada (proletariado) dará lugar a uma sociedade igualitária. Se a próxima revolução vai acontecer dessa forma, não sabemos, só podemos afirmar que ela vai acontecer de acordo com a conveniência de um grupo social e quando o paradigma atual estiver intolerável. Todavia, Marx pensou também num modo de promover essa mudança, que se baseia na mobilização das classes reprimidas, formadas pelo proletariado, e no rompimento da alienação presente na divisão do trabalho e na mais-valia. Em contrapartida, a burguesia trata de controlar os meios de comunicação e manter a alienação oriunda da primeira Revolução Industrial. Dessa forma, os dominantes procuram inibir a ânsia por dignidade do povo e restringem a frase de Marx presente no manifesto comunista, “Proletários de todo o mundo, uni-vos!”, às academias. Nesse jogo ideológico, a história vai sendo traçada por nós, sujeitos modificadores de conjunturas.
Da mesma forma que a dialética serve de amparo para as esperanças comunistas, também pode basear uma análise mais genérica como a feita por Lulu Santos. Em sua música, o artista utilizou uma metáfora para ilustrar as inevitáveis mudanças que passamos. O mar com suas ondas foi o cenário para a observação e, dessa forma, a música, com sua linguagem poética, pode tratar de temas de foro tão interno. Outro exemplo que me veio à mente é a canção “Não vou me adaptar”, de Arnaldo Antunes, cuja abordagem é mais direcionada para a auto-análise do autor. A música é mais um interessante meio de exteriorização das observações humanas e, a partir dela, podemos obter conclusões sobre temas complexos tratados de forma mais simplificada e subjetiva.
Tanto com a linguagem artística quanto com a científica, nos damos conta de que podemos visualizar os contextos e nos tornar mais críticos, ponderando assim a veracidade dessa realidade passada para nós nas constantes revoluções que vivenciamos. É por essas e outras que é inegável o fato de que tudo é fonte de conhecimento. Cabe ao homem aproveitar.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Moral ou Poder?

Princípios morais ou manutenção do poder? PT ou idéias maquiavélicas? PT? Não, esse texto não está desatualizado, foi só uma antítese equivocada provocada pelo costume antigo de pensar no partido dos trabalhadores como o exemplo da ética no meio político brasileiro.
Há alguns anos atrás eu via muita gente esperançosa em Lula e sua equipe para mudar a realidade do nosso país, um país sofrido vindo de governos de direita que aderem à política neoliberal de apoio à burguesia em detrimento às classes trabalhadoras. Muitos dos que acreditaram no PT tinha a melhor das intenções e quem apóia a direita sabe bem, por evidências históricas, as conseqüências de se eleger conservadores. Talvez até o próprio PT, partido no qual ainda é possível encontrar poucos e bons, que sonharam com um país melhor, pensou que teria força suficiente para resistir às seduções do poder.
Para manter esse poder, fez-se um acordo com o PMDB, partido fisiologista, que apóia quem quer que seja independente de suas ideologias partidárias. Basta lembrar que no governo FHC este partido também esteve presente e, por isso, talvez seja o partido mais central do país, cuja identificação pode ser definida apenas por: conveniência. Quando apóia qualquer governo, o PMDB espera receber diversos cargos para ter grande influência executiva.
Mas porque querer tanto o PMDB como aliado? Basta pensar que esse partido utiliza muito bem o modelo democrático que temos, cuja base foi formada principalmente pelo próprio, na Assembléia Constituinte com figuras notáveis como Ulisses Guimarães. Essa utilização se dá pela grande quantidade de parlamentares PMDBistas que o faz ser o maior partido brasileiro e ter uma influência muito grande nas votações do congresso.
Por isso, com o objetivo de consolidar uma governabilidade, Lula aliou-se a todo custo aos PMDBistas. Se não for assim, a base governista sofre um estrangulamento nas decisões sobre a aprovação de projetos provenientes do executivo e, assim, não se administra o país. Pelo mesmo motivo aconteceu o escândalo do mensalão, quando parlamentares recebiam recursos financeiros para aprovar variadas decisões governistas.
Esse episódio foi a prova de que, em nome do poder e da governabilidade, o PT vem passando por cima do decoro. Há dias atrás, mais uma prova foi dada, na comissão de ética do senado tudo que poderia ameaçar o presidente do senado José Sarney (PMDB-AP), claramente responsável por atos secretos que são inegavelmente inconstitucionais, foi arquivado por influência petista. Essa é mais uma prova do que o poder é capaz de fazer com os valores pregados antes do seu exercício.
Os valores não se alienaram apenas em nome da manutenção, mas em nome também do meio de se chegar ao poder. Ao utilizar caixa dois na campanha presidencial de Lula, os petistas mostraram não representar um antítese e sim uma identificação com ideias Maquiavélicas, que defendem que os fins justificam os meios.
Assim, o PT se torna cada vez menos esquerda e fica mais centralizado, sendo cada vez mais parecido com os outros partidos que já ocuparam o poder público. Não há mais uma forte dicotomia na política brasileira, partidos pouco expressivos, como foi o partido dos trabalhadores um dia, são os constituíntes da esquerda. Será que eles são a nossa nova esperança para mudanças num país historicamente corrupto politicamente? Ou serão como os chamados “petralhas” por Reinaldo Azevedo? Só a história poderá dizer, enquanto isso eu faço minhas escolhas cidadãs como um especulador, até consolidar meu sufrágio para os próximos anos.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Equilibrando a polarização ideológica


Os problemas do país e do mundo são colocados em pautas de discussão a todo o momento. O diagnóstico, do que está acontecendo de errado nos mais variados segmentos que interfere na nossa vida como a cultura, a economia e a política, tem sido feito de forma ampla pelos teóricos. A grande dificuldade é propor soluções diplomáticas que possam, no mínimo, aproximar interesses historicamente antagônicos oriundos das mais variadas classes sociais. Esses interesses envolvem quesitos políticos e econômicos e, propor um sistema cujo vigor atenda pólos ideologicamente opostos, pode atenuar conflitos e tornar a conjuntura mundial mais justa. Essas ideologias apresentam defesas radicais das causas reivindicadas por determinados grupos, o ideal é associar essas distintas concepções. Por toda a história, são notáveis as mais variadas mudanças ocorridas nos regimes e sistemas devido ao caráter dinâmico inerente ao homem. Dentre essas, as correntes Capitalistas e Comunistas são as que têm maiores influências nas discussões hoje, apesar de o segundo ter perdido grande respaldo por ter fracassado na União Soviética. Todavia, seus princípios de igualdade e justiça social permanecem sendo extremamente defendidos por muitos. Enquanto isso, é inegável que o Capitalismo está consolidado na cultura e na maioria esmagadora do globo. Este possui um grande potencial de aceitação por aflorar as características competitivas e individualistas do ser humano. Por haver essas diferenças, é difícil aliar essas duas ideologias e, a utopia defendida por Marx, que o homem pode viver, depois de uma longa etapa socialista, espontaneamente sem se dividir por hierarquias é impraticável pela natureza auto-afirmativa do homem. Porém, o Capitalismo mostra não ser capaz de promover justiça social por conta da sedutora acumulação de riqueza. Diante dessa realidade, observamos a ineficácia de ambos os modelos para ser o paradigma social ideal. Mas podemos pensar em um sistema viável se utilizássemos o poder e o interesse do grande capital para contribuir, ou pelo menos não embargar, com políticas de ascensão social. Essa proposta se fundamenta num ponto convergente entre a burguesia e o povo: a burguesia quer, cada vez mais, ampliar o mercado consumidor. Para isso, é preciso haver dignidade, renda e formação profissional para as camadas menos favorecidas que assim, ascenderiam socialmente e atingiriam seus objetivos. Dessa maneira seria possível implantar um sistema social-democrata efetivo e real. Essa doutrina fundamenta-se em quatro pilares da igualdade: jurídica, de sufrágio, de oportunidade e econômica. A igualdade jurídica e de sufrágio estão asseguradas pelo campo teórico, apesar de alguns problemas nos termos da aplicação prática. Mas o grande problema é que paridade econômica e de oportunidade não estão nem no campo teórico dos planos governamentais. Esses dois pontos esquecidos pelas autoridades consistem em acesso universal à cultura e às conquistas das ciências, já que essas têm que exercer uma função social, e o estabelecimento de um padrão de vida mínimo obrigatório, para que todos tenham dignidade e possam, de forma genérica, ter condições de competir efetivamente no mercado. Um padrão seria determinado pelo Estado, com seu monopólio das leis, e por comissões especializadas cientes de dados sócio-econômicos que possibilitariam a fixação de uma base mínima de salário e um limite máximo de custos dos bens fundamentais para o bem-estar social. Dessa maneira, uma análise coerente dos custos de vida e das relações entre empregados e empregadores pode definir uma base digna para população e, conseqüentemente, uma sociedade mais justa sem perder de vista as tão defendidas individualidades humanas, como a capacidade intelectual e de iniciativa. Fazendo esse paralelo, oportunizaremos os setores produtivos a todos, promovendo um bem-estar social sem ferir os interesses das classes dominantes, um aliado necessário para o exercício do poder num sistema essencialmente capitalista.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Em busca das complexidades

O contexto que nos cerca, está repleto de banalidades, futilidades e elementos que adquirem uma atribuição de valor transcendental nas idealizações humanas. Tudo que consumimos e pensamos recebem uma cobrança atroz e, considerada por muitos de nós, absoluta: a praticidade. É essa cobrança que nos leva a usar o controle remoto, o forno de microondas. Nesses aspectos, podemos otimizar o tempo para produzir mais materialidades ou ideologias sobre as quais baseamos nossos modos de vida. Porém, esse tempo otimizado não vem sendo utilizado para fomentar reflexões. Na verdade, a praticidade excessiva presente em nossa cultura nos leva a querer tornar pragmáticos até nossos pensamentos, análises e discursos. Essas percepções podem ser exemplificadas, até mesmo, com simples conversas do cotidiano, nestas, o senso comum e o preconceito predominam nas ponderações porque é mais cômodo julgar sem conhecimento do conteúdo. Um diz que uma determinada pessoa é ruim porque não foi com a “cara dela”, outro que um político é ruim sem ao menos conhecer suas e idéias e ações. Ou seja, é notória a presença de considerações baseadas apenas nas aparências sobre as características psicológicas alheias. Além disso, a alienação promovida por ideologias, fundamentadoras de alguns segmentos da mídia, deturpam e formam opiniões para atender os interesses das classes sociais que são representadas por esses segmentos, contribuindo ainda mais, para esse paradigma. Dessa maneira, sofreremos um estrangulamento sobre nosso poder crítico. Uma cultura comodista, como essa, contribui para as freqüentes barbáries e atentados contra nossos direitos mais básicos de cidadãos. Defender nossos direitos? Já se tornou utopia, a lei parece já não ter efetividade social, é apenas uma norma escrita com conteúdo e hermenêutica relevante, mas sem constituição prática. Só pensamos em nós mesmos, em consumir e levar vantagens sobre nossos semelhantes. Não defendemos as causas dos outros, mesmo que sejam justas, porque é mais cômodo estarmos nesse casulo imaginário que, na verdade, não nos protege do que está ao nosso redor, porque tudo nos afeta diretamente ou indiretamente. Então, o que vem acontecendo é: uma cultura comodista interferindo em outros aspectos culturais nos levando a esse caos e esse déficit de conhecimento promovido pela falta da busca do que é complexo, do pensamento e da reflexão fundamentais para criação de idéias, utópicas ou não, que poderão, ao menos, embasar uma conjuntura mais justa distributivamente, engajada socialmente e com uma alteridade antropológica consolidada. Só assim, poderemos ser efetivos em nossa busca pelas complexidades e no ataque contra as banalidades, preconceitos e estereótipos.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Para que analisar?


Tudo que fazemos ou pensamos segue dois caminhos: o da aceitação ou da reflexão. Quando refletimos e refutamos, nos tornamos mais aptos a conhecer o que está ao nosso redor. A conduta humana é regida por dimensões cognitivas, afetivas e valorativas e essas devem estar em perfeita harmonia com o intuito de fazer das nossas ações as mais coerentes possíveis. Não obstante, uma dessas dimensões merece mais atenção por apresentar grande complexidade com relação ao processo de encontro da sua fonte: a dimensão cognitiva. Esta exige esforço e dedicação para que o indivíduo fundamente suas ações na sabedoria, enquanto que valores são adquiridos mais facilmente com o convívio social, por meio da moral, tratos sociais e religião, e a dimensão afetiva apresenta um caráter natural e inerente ao homem sendo aflorado por fatos e situações que despertem a exteriorização de suas emoções. Então, dentre os aspectos que conduzem as nossas ações, o cognitivo é muito relevante aliado aos de afetividade e valores, para que não sejamos frios e calculistas. A busca pelo conhecimento pode ser ilustrada por uma frase que certo dia ouvi e dizia mais ou menos assim: “O verdadeiro sábio não é aquele que possui o conhecimento, na verdade, é aquele que sabe onde encontrá-lo”. É com essa intenção que proponho esse blog, para buscarmos o conhecimento através da análise. E o principal: onde está a fonte de conhecimento? Ora, esta é tudo que nos rodeia, basta analisar e, como bem observou Immanuel Kant na Crítica da Razão Pura, ir além da aparência buscando o conteúdo, os componentes e as relações entre eles. Assim, podemos quebrar paradigmas e ver que o aprendizado pode acontecer tanto de forma empírica quanto de forma teórica, o que nos interessa é analisar e conhecer.

Igor Santana