Pesquisar este blog

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Moral ou Poder?

Princípios morais ou manutenção do poder? PT ou idéias maquiavélicas? PT? Não, esse texto não está desatualizado, foi só uma antítese equivocada provocada pelo costume antigo de pensar no partido dos trabalhadores como o exemplo da ética no meio político brasileiro.
Há alguns anos atrás eu via muita gente esperançosa em Lula e sua equipe para mudar a realidade do nosso país, um país sofrido vindo de governos de direita que aderem à política neoliberal de apoio à burguesia em detrimento às classes trabalhadoras. Muitos dos que acreditaram no PT tinha a melhor das intenções e quem apóia a direita sabe bem, por evidências históricas, as conseqüências de se eleger conservadores. Talvez até o próprio PT, partido no qual ainda é possível encontrar poucos e bons, que sonharam com um país melhor, pensou que teria força suficiente para resistir às seduções do poder.
Para manter esse poder, fez-se um acordo com o PMDB, partido fisiologista, que apóia quem quer que seja independente de suas ideologias partidárias. Basta lembrar que no governo FHC este partido também esteve presente e, por isso, talvez seja o partido mais central do país, cuja identificação pode ser definida apenas por: conveniência. Quando apóia qualquer governo, o PMDB espera receber diversos cargos para ter grande influência executiva.
Mas porque querer tanto o PMDB como aliado? Basta pensar que esse partido utiliza muito bem o modelo democrático que temos, cuja base foi formada principalmente pelo próprio, na Assembléia Constituinte com figuras notáveis como Ulisses Guimarães. Essa utilização se dá pela grande quantidade de parlamentares PMDBistas que o faz ser o maior partido brasileiro e ter uma influência muito grande nas votações do congresso.
Por isso, com o objetivo de consolidar uma governabilidade, Lula aliou-se a todo custo aos PMDBistas. Se não for assim, a base governista sofre um estrangulamento nas decisões sobre a aprovação de projetos provenientes do executivo e, assim, não se administra o país. Pelo mesmo motivo aconteceu o escândalo do mensalão, quando parlamentares recebiam recursos financeiros para aprovar variadas decisões governistas.
Esse episódio foi a prova de que, em nome do poder e da governabilidade, o PT vem passando por cima do decoro. Há dias atrás, mais uma prova foi dada, na comissão de ética do senado tudo que poderia ameaçar o presidente do senado José Sarney (PMDB-AP), claramente responsável por atos secretos que são inegavelmente inconstitucionais, foi arquivado por influência petista. Essa é mais uma prova do que o poder é capaz de fazer com os valores pregados antes do seu exercício.
Os valores não se alienaram apenas em nome da manutenção, mas em nome também do meio de se chegar ao poder. Ao utilizar caixa dois na campanha presidencial de Lula, os petistas mostraram não representar um antítese e sim uma identificação com ideias Maquiavélicas, que defendem que os fins justificam os meios.
Assim, o PT se torna cada vez menos esquerda e fica mais centralizado, sendo cada vez mais parecido com os outros partidos que já ocuparam o poder público. Não há mais uma forte dicotomia na política brasileira, partidos pouco expressivos, como foi o partido dos trabalhadores um dia, são os constituíntes da esquerda. Será que eles são a nossa nova esperança para mudanças num país historicamente corrupto politicamente? Ou serão como os chamados “petralhas” por Reinaldo Azevedo? Só a história poderá dizer, enquanto isso eu faço minhas escolhas cidadãs como um especulador, até consolidar meu sufrágio para os próximos anos.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Equilibrando a polarização ideológica


Os problemas do país e do mundo são colocados em pautas de discussão a todo o momento. O diagnóstico, do que está acontecendo de errado nos mais variados segmentos que interfere na nossa vida como a cultura, a economia e a política, tem sido feito de forma ampla pelos teóricos. A grande dificuldade é propor soluções diplomáticas que possam, no mínimo, aproximar interesses historicamente antagônicos oriundos das mais variadas classes sociais. Esses interesses envolvem quesitos políticos e econômicos e, propor um sistema cujo vigor atenda pólos ideologicamente opostos, pode atenuar conflitos e tornar a conjuntura mundial mais justa. Essas ideologias apresentam defesas radicais das causas reivindicadas por determinados grupos, o ideal é associar essas distintas concepções. Por toda a história, são notáveis as mais variadas mudanças ocorridas nos regimes e sistemas devido ao caráter dinâmico inerente ao homem. Dentre essas, as correntes Capitalistas e Comunistas são as que têm maiores influências nas discussões hoje, apesar de o segundo ter perdido grande respaldo por ter fracassado na União Soviética. Todavia, seus princípios de igualdade e justiça social permanecem sendo extremamente defendidos por muitos. Enquanto isso, é inegável que o Capitalismo está consolidado na cultura e na maioria esmagadora do globo. Este possui um grande potencial de aceitação por aflorar as características competitivas e individualistas do ser humano. Por haver essas diferenças, é difícil aliar essas duas ideologias e, a utopia defendida por Marx, que o homem pode viver, depois de uma longa etapa socialista, espontaneamente sem se dividir por hierarquias é impraticável pela natureza auto-afirmativa do homem. Porém, o Capitalismo mostra não ser capaz de promover justiça social por conta da sedutora acumulação de riqueza. Diante dessa realidade, observamos a ineficácia de ambos os modelos para ser o paradigma social ideal. Mas podemos pensar em um sistema viável se utilizássemos o poder e o interesse do grande capital para contribuir, ou pelo menos não embargar, com políticas de ascensão social. Essa proposta se fundamenta num ponto convergente entre a burguesia e o povo: a burguesia quer, cada vez mais, ampliar o mercado consumidor. Para isso, é preciso haver dignidade, renda e formação profissional para as camadas menos favorecidas que assim, ascenderiam socialmente e atingiriam seus objetivos. Dessa maneira seria possível implantar um sistema social-democrata efetivo e real. Essa doutrina fundamenta-se em quatro pilares da igualdade: jurídica, de sufrágio, de oportunidade e econômica. A igualdade jurídica e de sufrágio estão asseguradas pelo campo teórico, apesar de alguns problemas nos termos da aplicação prática. Mas o grande problema é que paridade econômica e de oportunidade não estão nem no campo teórico dos planos governamentais. Esses dois pontos esquecidos pelas autoridades consistem em acesso universal à cultura e às conquistas das ciências, já que essas têm que exercer uma função social, e o estabelecimento de um padrão de vida mínimo obrigatório, para que todos tenham dignidade e possam, de forma genérica, ter condições de competir efetivamente no mercado. Um padrão seria determinado pelo Estado, com seu monopólio das leis, e por comissões especializadas cientes de dados sócio-econômicos que possibilitariam a fixação de uma base mínima de salário e um limite máximo de custos dos bens fundamentais para o bem-estar social. Dessa maneira, uma análise coerente dos custos de vida e das relações entre empregados e empregadores pode definir uma base digna para população e, conseqüentemente, uma sociedade mais justa sem perder de vista as tão defendidas individualidades humanas, como a capacidade intelectual e de iniciativa. Fazendo esse paralelo, oportunizaremos os setores produtivos a todos, promovendo um bem-estar social sem ferir os interesses das classes dominantes, um aliado necessário para o exercício do poder num sistema essencialmente capitalista.